SERMOES(ES)COLHIDOS

"Descendo ao particular, direi agora, peixes, o que tenho contra alguns de vós. E começando aqui pela nossa costa: no mesmo dia em que cheguei a ela, ouvindo os roncadores e vendo o seu tamanho, tanto me moveram o riso como a ira." in Sermões Escolhidos, V, Padre António Vieira

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sexta-feira, janeiro 20, 2006

PRESIDENCIAIS

Vaticino que, haja ou não segunda volta, Mário Soares nunca terá menos de 20% na primeira.
Há 20 anos atrás o PS também estava dividido.
Do outro lado não estava um "Manuel Alegre". Estava um dos homens mais competentes e respeitados que alguma vez o PS teve - Salgado Zenha.
Mário Soares estava desgastado pela ainda recente governação do Bloco Central e o seu amigo Almeida Santos acabara de ter uma das mais humilhantes e imerecidas derrotas do PS - (legislativas de 5-10-1985).
Na terça ou na 5ª feira que precedeu a 1ª volta e numa reunião de apoio (MASP I) Soares estava visivelmente irritado. Recordo-me de o ver a conversar com Sousa Tavares (pai) e com Sttau Monteiro. Dizia-se baixinho que uma sondagem de confiança dava a M. S. 7,5%. Zenha tinha a seu favor todas as sondagens (relativamente a Soares, é claro) e a diferença, se a memória não me falha, era superior a 10%.
Além disso, dividindo ainda mais o eleitorado, também concorria uma grande mulher, que já fora primeira-ministra e que era bem aceite por toda a esquerda católica - Lurdes Pintasilgo.
Os resultados foram uma absoluta surpresa.
Vinte anos depois temos um Soares velho, mas muito menos polémico.
Soares já não é o «sapo» que os comunistas tiveram de engolir.
Foi Presidente durante 10 anos e se não existisse limite de mandatos ainda lá estaria.
Tem a máquina do partido a seu favor. Partido que há um ano teve uma vitória histórica (maioria absoluta) e que apesar de muito contestado, concerteza conseguirá que 80% do seu actual eleitorado (que penso estar reduzido a 35%) vá votar em Soares.
Alegre não tem apoiantes na rua e nos "comícios". São meia dúzia de fieis amigos (seus) ou de figadais inimigos de Soares.
Se Alegre nem dentro do PS conseguiu 30% dos votos quando se candidatou a Secretário Geral, (José Sócrates foi eleito secretário-geral do PS por esmagadora maioria, obtendo 78% e Manuel Alegre alcançou 16%) como é que agora poderia ter 16%, não do eleitorado socialista, mas sim sim de todo o eleitorado!?.
Se Manuel Alegre tiver do seu lado essa mesma fatia do eleitorado do PS ( e não tem porque uma coisa é concorrer contra outro socialista dentro do partido, outra é fora do partido e dizendo mal do partido), considerando que o eleitorado do PS andará actualmente nos 35% (baixou sem dúvida alguma), conseguirá 16% de 35%, i. é, quase 6% dos votos.
Poderá obter ainda cerca de 2% de votos dos descontentes, i. é, votos de quem não gosta da política do Sócrates e não quer votar em Cavaco, nem em Jerónimo, nem em Louçã (2% a pecar é por excesso).
Consequentemente é incompreensível que as sondagens lhe atribuam mais votos do que a Soares. Teremos de concluir, como em 1986, que as sondagens não funcionam relativamente a eleições não partidárias.
Assim prevejo:
- Louçã vai ter entre 4% e 6% dos votos.
- Manuel Alegre vai ter entre 6% e 8% dos votos.
- Jerónimo vai ter entre 8% e 10% (salvo se os comunistas acreditarem nas sondagens e preferirem Soares a Alegre).
- Mário Soares, apesar do PS já o dar por perdedor vai ter entre 26% e 28% dos votos.
- Há 50% de hipóteses de haver 2ª volta.
- A única esperança que resta ao poeta, Domingo à noite, é dizer que graças a ele vai haver 2ª volta e que por isso a sua candidatura foi necessária e atingiu o objectivo, etc e tal... (falso).
- Mário Soares vai perder na 2ª volta, não por culpa dele, mas porque parte dos que votaram nos outros candidatos da esquerda, fizeram-no para castigar o governo e vão continuar a votar contra Sócrates. Se a ideologia os impedir de votarem Cavaco, não vão votar. A abstenção prejudicará Soares.
- Cavaco sairá vencedor e apoiará Sócrates, o seu verdadeiro herdeiro (aliás Sócrates foi militante do PSD).
A Bem da Nação!